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Nonatto Coelho - Ex Presidente da AGAV Associação Goiana de Artes Visuais |
As Artes visuais em Goiás teve um forte impulso no final da década de 70 e durante todos os anos 80 incentivado pela paixão solitária de uma grande dama que amava a Arte: Falo da saudosa Célia Câmara, proprietária da lendária Casa Grande Galeria de Arte, que não poupava esforço em fortalecer a sociologia da Arte em nossa região provendo grandes exposições por aqui, tanto de artistas locais bem como nacionais, promovendo um intercambio muito saudável de levar a produção daqui para outras partes do Brasil bem como trazendo o que havia de melhor a nível nacional para Goiânia e também Brasília onde ela mantinha ótimas relações com artistas e com a Arte tanto a nível didático bem como mercadológico;depois dela, nos anos 90 o meio artístico local sofreu alterações com uma intromissão de novos conceitos estéticos e mercadológicos numa espécie de Globalização inevitável que disseminou entre nós as estéticas vigentes dos países capitalizados ocidentais em todo o mundo, por aqui também a onda internacionalista chegou impositiva , a despeito de sua ideologia à deriva e por vezes aventureira se instalando na arte local.
O poder publico no Brasil teve seus avanços em relação a
Arte no nosso país desde que comecei minha peripécia no mundo da arte no inicio
dos anos 80, em que o incentivo publico era rarefeito e quase sempre voltados
para os “grandes nomes” em detrimentos dos novos valores... Hoje com o
surgimento de leis de mecenatos priorizando incentivos fiscais para pessoas
físicas ou jurídicas que queiram apoiar a cultura, e oportunizando o voluntario incentivo de eventuais empresas publicas e
privadas nas suas decisões em apoiar Artes e espetáculos, tem dinamizado o
setor não só da Arte mas também da musica, literatura, Cinema etc. no entanto
uma grande parte do setor empresarial de Goiás ainda necessita se conscientizar
da importância de ter sua empresa ou sua marca empresarial contribuindo pra o
crescimento Cultural do país, e cabe a nós os artistas e promotores de cultura
promoverem palestras, seminários ,conferencias etc. de esclarecimento aos
setores empresariais e
governamentais sobre a importância de
seus engajamentos no setor da arte e cultura.
Nos compêndios Escolares, temos de promover uma maior
abrangência com o tema da arte e da cultura de modo geral pois não se dissocia a Cultura da Educação, sob
pena de algo estar incompleto; a Arte Brasileira é tratada muito
superficialmente nas nossas escolas, e vejo que mesmo a Semana de Arte Moderna
de 1922, que foi uma tentativa compulsória de atualizar o Brasil com o que se
passava no âmbito artístico em países desenvolvidos, principalmente na Europa,
ainda não foi compreendida de forma a contento no sistema didático
Nacional; ainda, o estudante poderia ser munido de mais informações
Culturais a respeito da nossa historia da Arte, e cito como exemplo o MASP,
Museu de Arte de São Paulo, que é considerado o mais importante Museu da
América Latina, a Bienal de São Paulo e toda sua historia de tentativa de
introduzir no nosso meio as vanguardas internacional da Arte moderna e o que se
passa também na Arte contemporânea (
mesmo com toda sua controvérsia) a nível internacional..., o estudante do
Brasil não foi ainda introduzido de forma mais concisa neste universo de
cultura, para que ele tenha uma visão de introdução critica ou mesmo
contemplativa destes valores inerentes e pragmáticos na nossa pátria. Uma Nação
que não se conhece, não pode sequer se defender de influencias externas que eventualmente
possa descaracterizar nossa cultura local. Com esta posição, não quero aqui falar que as inevitáveis influencias externas
que cada pais possa sofrer são absolutamente negativas, mas munidos de
informações e senso critico podemos ter maiores condições de filtrar o que
vem de fora.
Arte é uma linguagem poderosa, e seus signos e símbolos
antecedem a Escrita. Ela estava conosco lá na caverna, como nossos
primeiros sinais gráficos nos primórdios da nossa civilização; os
rabiscos e desenhos rupestres são poderosos
testemunho da inteligência humana a
relacionar a questão da informação e por conseguinte à educação humana.
Em meu entender a
Arte, como a Religião tem o poder de alimentar uma fome inerente a vida: A fome
espiritual. Alimentar a matéria é imprescindível, mas, o espirito também
necessita ser alimentado... Arte tem o poder de restaurar nossos sonhos,
retificar supostos elos perdidos em nossos desejos de superar a misera
condições de materialidade e da tangencial condição limitada da matéria. Assim,
ela tem a capacidade de restaurar a dignidade, a esperança e a cidadania de um
ser Humano.
Nonatto Coelho
Artista Plástico e ex presidente da AGAV
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